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A arte e o poder
A arte, desej0 longínquo dos seres de representar situações e exprimir emoções ou ideias, sempre teve o seu carácter mágico, mais ou menos condicionado, por vezes mesmo interligado, com as diferentes formas de poder.
O poder, qual machado intolerante, cerceia a personalidade, força gémea do individualismo creativo, mas estimula o valor e é condição intrínseca dele.
O poder tirânico é o que menos favorece a autonomia da arte, porque a teme. São os déspotas os mais encarniçados adversários do individualismo criativo, da arte, da cultura. A tirania carece de silêncio, de obscurantismo para sobreviver e se manter sobre os cidadãos que escraviza e dirige. E os críticos, analizam-lhes os actos, os pintores descobrem-lhes os erros, os poetas denunciam-lhes os crimes, os escultores moldam-lhes as feições. Por isso, o poder opressivo lhes tenta enredar a inteligência.
Mas não consegue encrespar-lhes a sensibilidade...
Através dos séculos, o poder da Arte serviu o Poder.
Durante largas épocas, as suas lutas, os seus ideais, os seus objectivos fundiram-se num só desejo comum de Liberdade e de Conceitos. O Poder chegou mesmo a ser uma Arte bem dominada e utilizada em prol das comunidades e dos povos.
Mas o poder corrompe. E a destrinça, a divisão de caminhos aconteceu: a Arte permaneceu arte, desejo de beleza, perfeição, criação ( talvez utópica) de um mundo melhor e diferente. o Poder derivou ambição, ânsia de loucura, misto de irreal e fantasia. Perdeu-se a arte de saber utilizar o poder e criou-se - paradoxalmente uma criação! - a escravidão.
E os artistas? Esses fazedores de génio, seguidores fiéis da liberdadee justiça, amados e odiados, idolatrados e destruídos, quase sempre imcompreendidos, idealistas melancólicos e imediatistas, como reagiram?
Simplesmente....conjugaram ideias e os sentimentos, as formas e os sons com a impulsividade que os distingue, exprimindo a imparcialidade da sua erudição e LIBERDADE.
Os artistas continuaram cada vez mais...artistas.